Enquanto isso embaixo das cerejeiras...

Ao vê-la chegar com a cesta, Hijikata fechava lentamente os seus olhos, fazendo-o surgir em seus lábios, um pequeno sorriso, enquanto o vento batia em sua face, fazendo seus longos fios negros de seus cabelos chicotearem sobre o ar. Aquele aroma de cerejeira, o tempo e o sol, faziam ele se sentir bem, fazia-o se sentir bem vivo, depois de derramar tanto sangue nas lutas e nas guerras. Abrindo novamente os olhos, Hijikata caminha até a tolha que estava estendida de baixo da cerejeira e se sentou ali .

- Esse emprego que você tem, deve ser bem cansativa, não é ? - Ele perguntava com um sorriso em sua face . - Mas deve ser bem melhor do que utilizar uma espada, praticamente, todos os dias... - Dizia enquanto aquele sorriso se desfazia lentamente .

Ao ouvir teu nome completo e sua história, Hijikata fica surpreso ao saber que alguém o conhecia por la, ele não sabia de onde ela o conheceu, mas, ao ouvir o restante, ficou um pouco mais calmo e voltou a sua expressão normal.

- Engraçado... Ouvir meu nome e minha história sem ao menos eu ter lhe contado uma coisa se quer... Apesar desse tempo todo passar, ainda tenho algumas pessoas para proteger... e não vou desistir disso. Meu nome e minha espada estão manchadas de sangue... sangue daqueles que ousaram a atacar Kyoto e provavelmente, irei derramar mais sangue, se algo vier a acontecer ...



Hijikata desvia o olhar para a cerejeira fazendo surgir em seus lábios, um pequeno sorriso.

- Bom... Viver aqui, nunca veio em minha mente... mas é um caso a se pensar... Preciso me afastar um pouco daquela vida... mesmo sabendo que eu não fiz o suficiente para proteger todo mundo. Se vocês permitirem a minha estadia por aqui, ficarei grato.

Voltando a olhar para Moe, ele se levantava e se curvava novamente diante dela e voltava a se sentar.

- Se você gosta, fico feliz por isso - Ele dizia enquanto pegava um pequeno dango rosado e o comia - Perdoe-me mas... tem algo sujo do lado de sua boca... - Ele dizia enquanto limpava o local sujo com o seu polegar .

Ela ouve com atenção cada palavra que saia dos lábios dele. Ela sorri sem graça, parecendo criança admirando-o com tanta curiosidade. Mas, foi aquele simples gesto, o toque em sua face que a fez mudar de expressão, ela se afastou rapidamente tentando esconder o rosto pela tamanha vergonha que se encontrava, enquanto tentava acalmar seu pobre coração, sofrido o suficiente durante muito tempo, ela resolve responder.



- Ahhh!!! É... H-hum... Você pode ficar sim, afinal a pensão é um lugar grande como vê, é um lar para todos aqueles que precisam de um, é por isso que quando as pessoas vem para cá, já se tornam parte da família. Você vai entender o que eu to falando mais tarde. É só não cometer nenhum ato pervertido que nossa gerenta te mantém seguro por aqui... - Ela começa a rir.

Sua risada era doce e suave, ela olha para ele novamente, se sente um pouco inquieta e interrompe a si mesma, voltando a olhar a cerejeira. Fica se sentindo um pouco ofegante mas, tenta se conter, havia algo que parecia que começava a dar errado em si mesma, mas, ela não queria assustá-lo, tinha fé que o lacre ajudaria a conter a força obscura que guardava em si mesma.

- Então... - Suando frio. - Tem alguma pergunta a fazer? Ficaria feliz em te responder qualquer coisa, afinal to aqui para ajudar como puder... - Ela sorria um pouco sofrega.

Ao vê-la se afastar, ele recua sua mão para trás e observa atentamente para Moe que estava um pouco ofegante.

- Eu que lhe faço essa pergunta... Está tudo bem contigo? - Hijikata levava umas de sua mão até a fronte da mesma, tentando medir a temperatura do corpo - O que eu posso fazer para ajuda-la ? - Ao perguntar aquilo, Hijikata sentia uma aura estranha por ali, como se estivesse mais uma pessoa por perto, seu olhar violeta se tornavam agressivos entrando em constante alerta. - Mas... o que está havendo aqui ?

Hijikata olhava atentamente ao seu redor, procurando por alguém que pudesse ataca-los a qualquer momento, enquanto levava suas mãos a sua katana, retirando poucos centimetros da lamina de sua bainha.

Notando a mudança de Moe, ele rapidamente sacava sua katana ficando em posição de ataque.



- Como assim... despertar os desejos? Apenas precisei de alguém que me acompanhasse até a pensão... nunca pensei que ela iria sentir algo por mim assim e em tão pouco tempo. - Hijikata dava um passo para trás, colocando a lâmina da katana um pouco para baixo - Eu pude sentir algo estranho nela, desde que ela veio me servir o chá... mas não imaginei que fosse isso... - Hijikata olhava sua katana, não conseguindo fazer nenhum movimento, pois não queria ferir tal pessoa.

Sem saber muito o que fazer, ouviu a ameaça da Morganna e sem pensar duas vezes, deu espaço em seu pescoço para que a mesma, pudesse se alimentar de seu sangue.



- Não tenho outra escolha... Se alimente logo... - Seus olhos estavam sérios e decidido - Mas em troca, quero que me conte o que há entre vocês duas...

Ouvindo aquelas palavras de Morganna, Hijikata sente a cravada em seu pescoço e então deixa o sangue sair para que a outra pudesse se alimentar. Inesperadamente, com a volta de Moe, Hijikata fica sem o que dizer por alguns segundos, imaginando o que houve com a Morganna.

- Moe... Ta bem! - Dizia ele, levando a mão em seu pescoço - Não se preocupe com isso... Um pouco de sangue, não vai me fazer falta... até porque... - Enquanto ele dizia, seus olhos de violeta, se tornavam vermelhos e seus cabelos, lentamente prateados. - Isso não me afeta muito...



Se lembrando das palavras de Morganna, ele levou uma das mãos até a lateral da face dela e limpou as lágrimas com o seu polegar.

- Eu... não sabia que você estava sentindo algo por mim... Eu... - Hijikata olhava diretamente naqueles olhos de cor esmeralda, ainda cheio de lágrimas. - Eu sou um simples samurai... posso viver em um dia e morrer em outro... Não me toco nesses assuntos de amor... porque... não quero dar sofrimento a ninguém...