OFF: E finalmente, a estreia aqui na Pensão de um dos meus personagens mais antigos e queridos! Desculpem a demora e o tamanho do post, mas é que tive uns problemas aqui... e também estou terminando o post do Ali. Até lá, divirtam-se com meu personagem mais selvagem!
ON:
No ar causticante,Carregado de Ódio,Paira uma pergunta:Quando a Fúria tomará você?*Eu andava por aquelas ruas lotadas de gente, com aquelas palavras reverberando na minha cabeça; se eu tivesse para quem responder, eu diria "a Fúria já me tomou... diversas vezes. Hoje eu luto para evitar ser tomado por ela novamente." De fato, a Fúria me dominou desde o começo... desde a primeira vez em que me transformei. Sim, pois diferente do Rebanho humano que me cercava, eu não era um ser humano. Eu era literalmente um lobo em pele de cordeiro... um membro do povo lupino, os Garou; conhecido pelos seres humanos por nosso apelido informal, lobisomem. Sim, eu era um homem-lobo, considerado um monstro, uma aberração para os padrões humanos... que sequer faziam ideia que meu papel era justamente protegê-los. Protegê-los de verdadeiros monstros. Sim, eu era um Garou, um lobisomem, mas não como nas lendas. Eu não caçava seres humanos para me alimentar (afinal, a carne humana tem um gosto horrível mesmo...). Eu não me transformava apenas em noites de Lua Cheia. Eu não me transformava apenas em lobo e humano, mas em várias formas intermediárias. Eu não havia sido transformado por uma mordida de outro lobisomem, eu havia nascido lobisomem, embora só tenha realmente me transformado pela primeira vez na adolescência. E Gaia me agraciou com muitos Dons e habilidades para tornar minha tarefa um pouco menos árdua. Olho em volta, desorientado; mesmo para um Andarilho do Asfalto como eu, era difícil andar naquelas ruas do Japão sem nunca ter estado ali antes. Tento pedir informações para algumas pessoas.*
?????: Com licença senhor... desculpe, senhora... por favor, amigo...
*A maioria simplesmente me ignora, e alguns me olham com a cara feia. Estou acostumado; embora os humanos não possam saber quem eu sou, o pouco do instinto natural que ainda lhes resta é o bastante para tornar a minha simples presença, mesmo em forma humana, desagradável a eles, pois algo dizia a eles que eu era perigoso, como um p´redador no meio de ovelhas... e isto era ainda pior no Japão, xenófobos do jeito que os japas são... na verdade, em toda a minha vida, a única vez que me senti "bem vindo" foi na minha matilha. Muitos anos atrás, logo após minha Primeira Transformação, fui aceito em uma matilha de outros lobisomens. Eu cresci com eles, cacei, lutei e matei ao lado deles, comi e dividi minha comida com eles; aprendi a ser um adulto e um verdadeiro Garou ao lado deles; aprendi sobre nosso povo, sobre minha Tribo, sobre meu Augúrio e sobre nossos ancestrais, principalmente meu bisavô, uma legítima lenda para nosso povo; lutei por nosso planeta, sangrei e chorei ao lado daminha matilha, e teria morrido feliz ao lado deles... se eu não tivesse a obrigação de caçar o Maldito responsável por suas mortes. Alguns anos atrás, minha matilha foi emboscada e massacrada, sendo que eu fui o único sobrevivente; fui acusado de ser o responsável por suas mortes e, sem ter como provar minha inocência, fui condenado a ficar para sempre na Umbra, o mundo dos Espíritos, preso no Lago de Prata, sendo devorado constantemente pela prata viva... mas diferente dos outros presos ali, eu era inocente, e apenas por causa disso consegui escapar; não completamente ileso, meu corpo e meu rosto eram cobertos de cicatrizes causadas pela prata, cicatrizes estas que eu não pude curar nem com meus poderes, mas eu havia conquistado muito mais do que perdido. Eu agora estava de volta à Terra, e devia caçar o verdadeiro responsável pelo massacre da minha família. Como um Ronin, um lobo solitário,um lobisomem sem matilha, eu vagava pela carne de Gaia em uma busca de algo que provavelmente me levaria à morte... mas eu não me importava com aquilo.*
?????: "Ronin". Hehe.
*Um sorriso surgiu no meu rosto quando sussurei a palavra. Era irônico que eu estivesse no país da onde tinha vindo aquela palavra e aquele conceito, embora o Samurai Ronin fosse ligeiramente diferente do Garou Ronin. Páro estático e quase não consigo segurar a lâmina que veio em direção ao meu pescoço. Antes mesmo que meus dedos pudessem tocar na pequena shaken, eu senti o cheiro de busu (veneno de acônito), nitrato de prata, álcool e cola que estava nela, além de um leve odor de outra coisa; disparada em direção à minha carótida, o atirador sabia com precisão onde me matar... mas também sabia que eu iria conseguir segurar a lâmina. Aquilo não era uma arma, era uma mensagem. Olhei na direção do beco de onde me dispararam, ajeitei minha mochila e caminhei tranquilamente até lá, como se nada tivesse acontecido. Na verdade, ninguém no Rebanho realmente notara aquilo, de tão rápido que foi. Ao entrar no beco, entendi perfeitamente a roubada em que estava entrando; uma confusão de cheiros invadiu minhas narinas hiper-sensíveis, revelando o odor de lixo, perfume barato, comida, sexo, doenças, ratos, baratas, pólvora, concreto, aço, sangue e muitos outros odores típicos de um bairro barra-pesada, além de um que eu só poderia sentir no Oriente; ali finalmente eu me senti um pouco confortável, principalmente porque o cheiro de humanos havia diminuído muito. Não que não houvesse gente naquele lugar, na verdade havia até gente demais para uma viela mal-iluminada e fedida, mas aquilo era comum no Japão. Em meu terno branco, sem gravata e com as muitas cicatrizes no meu rosto, eu quase podia ser confundido com um dos muitos Yakuzas que eu via andar ali em alguns bares e casas de jogos, se não fosse o fato de eu não ser oriental e se não fosse meu cheiro também. *
*Passei em frente a um bar onde tinha uma vermelha pendurada, e uma garota que, exceto pelo vestido apertado e decotado, contrastava com o ambiente devido à sua beleza exótica, com seus cabelos ruivos (aparentemente tigidos) e olhos puxados... e seu cheiro também. Ela falou comigo em japonês.*
Garota: Boa noite, gaijin-sama. Não gostaria de entrar em nosso bar e me fazer companhia?
*Olho a garota de cima a baixo. Realmente atraente aos olhos. Respondo a ela também em Nihongo*
?????: Certo, beleza. Mas só porque gostei do seu perfume.
Garota: Que coincidência, gaijin-sama. Eu também adorei o seu.
*A garota me dá o braço e entramos no bar, como se fôssemos um casal normal. O Ambiente interno também me surpreendeu, era bem mais luxuoso do que a fachada; estava na cara que aquele era um bar exclusivo para "clientes preferenciais". Apenas duas mesas estavam ocupadas, eu e a garota nos sentamos na mesa mais distante da porta e logo uma garçonete veio nos atender; peço a ela uma bebida para a garota e um milk-shake de chocolate para mim. A garota dá risada.*
Garota: Ora, ora, gaijin-sama, pedindo uma bebida de criança?
?????: Hehe, isto é modo de falar comigo, beleza? Seja como for, eu não gosto de bebida alcóolica. Prefiro doces.
Garota: Gomen, gaijin-sama. Na verdade, eu também não gosto muito, mas a maioria dos meus clientes insiste que eu beba com eles.
?????: Tudo bem então, garçonete, mude o pedido e traga dois milk-shakes.
*A garçonete anota, faz uma reverência e sai dali. A garota acende um cigarro e sopra a fumaça para longe, de modo a não vir na minha direção.*
Garota: Estou vendo que não é a primeira vez que vem ao Japão, gaijin-sama. Veio a negócios ou prazer? Ou quem sabe os dois?
?????: Vim visitar um amigo... e quem sabe matar alguém.
Garota: Ora, não me diga... você parece ser realmente bem perigoso, gaijin-sama.
*Agarro o braço da garota para surpresa dela, mostro a shuriken e a finco na mesa.*
?????: Chega de conversa fiada. Quero saber por que você jogou isso em mim.
*Antes que a garota possa responder, os outros quatro clientes e o barman saltam em cima das mesas e do balcão, sacam suas armas e atiram contra a gente. Jogo a garota para longe do raio de ação das balas e chuto a mesa para cima para me defender, enquanto me abaixo. Eles páram de atirar e correm na minha direção para poderem mirar, mas para surpresa deles encontram apenas minhas camisa e jaqueta e minha mochila no chão. Eles olham desesperados em volta, me procurando, mas eu apareço de repente atrás de dois deles e os nocauteio com um golpe no pescoço. Os outros tentam mirar em mim, mas eu me movo muito mais rápido que as balas e fico entre eles, fazendo com que um atire no outro.*
*Quando os dois caem, o barman saca uma katana de trás do balcão, mas antes que possa pensar em me atacar, eu o agarro pelo pescoço e o levanto no ar; fico olhando ele nos olhos, e mesmo em minha forma humana eu consigo ver o terror nos olhos dele que, desesperado, balança a espada de um lado pro outro até que eu deixo que ele a crave nas minhas costelas. Sem me abalar com aquela dor insignificante, resisto à tentação de quebrar o pescoço do barman, cravo os dedos da minha mão no balcão de mármore e o coloco no chão, ainda encarando-o de perto.*
????? (falando calmamente): Cadê o meu shake?
Barman (MUITO assustado): S-sim... s-s-sim senhor...
*Tremendo de medo, o Barman prepara meu shake, enquanto eu retiro a espada do meu corpo e a jogo de modo a cravá-la na parede a exatamente um centímetro do rosto da garota, que estava ameaçando fugir.*
?????: Esta é a terceira vez que poupo sua vida hoje. Vai querer arriscar a quarta ou vai me responder alguma coisa?
??: Não faça mal a ela, gaijin. Ela só seguiu as minhas ordens.
*Olho na direção dos fundos onde havia uma porta e de onde sai uma velha bem enrugada, apoiada em uma bengala, falando com um forte sotaque chinês. Enquanto meus ferimentos se fecham, eu pego meu shake que o barman finalmente servira, cheiro bem e, depois de pronunciar algumas palavras, começo a tomá-lo. A velha se aproxima de mim.*
Velha: Sempre invejei a capacidade regenerativa que Gaia deu a vocês Garou... Mas me diga, jovem, não tem medo de que possa ter algum veneno capaz de matar mesmo você nesse copo?
?????: Nem um pouco. Aprendi uma coisinha ou duas com meus "amigos" Garras Vermelhas. Agora me diga você, por que eu fui atacado desde que cheguei aqui?
Velha: Hunf! Realmente, vocês gaijin não têm respeito algum... você invade nosso território, não se apresenta e ainda por cima fere meus homens, além de ameaçar a minha neta?! Me diga, o que me impede de chamar a seita do bairro inteiro para massacrá-lo?
????? (bebendo um pouco do shake): Em primeiro lugar, o fato de que se fizer isso, vai perder gente demais para matar um único homem por motivo algum. Em segundo lugar, o fato de eu não ter matado ninguém aqui, mesmo tendo a chance e até o direito de autodefesa (esses dois atiraram um no outro, não foi culpa minha). Em terceiro lugar, o fato de eu ter salvado a vida da sua neta dos tiros que os seus guarda-costas idiotas disparam contra ela, quando atiraram na minha direção.
*A velha me olha séria, mas em seguida começa a gargalhar. Termino de tomar meu shake e apanho minha camisa do chão.*
Velha: Hahaha, você é divertido. E é verdade que salvou a minha neta (e felizmente estes dois idiotas atiraram um no outro, me poupando o trabalho de ter que castigá-los depois). Mesmo assim, ainda é inegável a sua má conduta. Como líder desta Seita, exijo seu Uivo de apresentação e seu Ritual de Contrição, se você souber é claro.
?????: Tsc... preciso mesmo uivar em público? Não serve um e-mail?
Velha: Agora.
*Suspiro, mas obedeço. Mesmo com tudo aquilo, queria evitar confusão e desrespeitar a Lei. Felizmente haviam poucas pessoas ali, então não ia passar muita vergonha. Começo com o Ritual de Contrição: me dobro sobre a barriga, até minha cabeça tocar no chão e começo a uivar de forma aguda, parecendo um ganido. A velha se aproxima de mim e me acerta um cascudo com a bengala*
Velha: Apesar de tudo aceito suas desculpas, gaijin Garou. Estou de bom humor hoje e, como disse, você me diverte.
*Fico puto da cara com o cascudo mas mantenho a calma. Em seguida, me levanto e faço meu uivo de Apresentação, alto o bastante para que o bairro inteiro escute. Qualquer pessoa normal iria achar que era um cachorro uivando pra Lua ( embora ainda fosse dia), mas aquele longo uivo dizia muita coisa sobre mim, que apenas os falantes da língua dos lobos poderiam entender: meu nome, minha linhagem, meu totem, minha tribo, minha seita natal e termino mais uma vez cravando meus dedos novamente no mármore, assinando meu nome com glifos. A velha parece satisfeita, mas me acerta mais uma vez a cabeça com a bengala. Ô velha rápida!*
Velha: Nada mal para uma apresentação fajuta. Agora, poderia dizer, só para mim, seu Uivo de Apresentação verdadeiro?
*Me espanto que ela tenha percebido que meu uivo foi falso. Até hoje eu havia conseguido enganar anciãos até mesmo dos Nuwisha. Isso só confirmava minhas suspeitas sobre a velha. Pigarreio e, pela primeira vez em anos, solto meu Uivo de Apresentação verdadeiro, mas tomo cuidado desta vez para que o uivo só fosse ouvido naquele bar. O barman e os outros funcionários do bar ouvem apenas um uivo baixo, mas a garota e a velha ouvem e entendem perfeitamente a linguagem e o dialeto Garou que eu uso, áspero pelos anos de desuso, mas extremamente refinado apesar disso*
?????: Meu nome é Tobias Vento Uivante, Hominídeo, Philodox, Andarilho do Asfalto Ronin, atualmente sem Posto, Totem, Matilha ou Seita, da linhagem de Raphael Força de Gaia.
*Cravo novamente meus dedos no mármore, assinando meu nome Garou verdadeiro, mas logo o apago destruindo o mármore. Eu esperava outra cacetada da velha, mas desta vez ela se apresenta.*
Velha: Sou Ng Huan Choy, mestra da Seita Tsuki-no-Kamui. É uma honra para mim conhecer um descendente de meu amigo, ainda que esteja em desgraça, Vento Uivante-yuf.
Vento Uivante: A honra é minha, Ng-sa...
*A velha me acerta de novo na cabeça.*
Ng Huan: E quem vai pagar pela destruição do meu bar heim?!
Vento Uivante: Ô droga! Me dá o número da sua conta que depois eu deposito o valor do balcão que quebrei, velha! Mas cobre dos seus seguranças o resto!
*Apanho minha jaqueta e minha mochila do chão; meus ferimentos já estão curados quando visto a camisa, mas minhas cicatrizes são bem visíveis, assim como a tatuagem de uma espada que eu tinha nas costas, que foi coberta quando coloquei a camisa. Discutimos e conversamos por mais de uma hora. Explico a ela que tinha vindo ao Japão seguindo uma pista de meu antigo inimigo, e que resolvera aproveitar para visitar um velho amigo que morava no Japão e estudava na Universidade de Tóquio, mas eu me perdera procurando o bairro emque ele morava. Eu evitava usar GPS para não ser rastreado por certos perseguidores e por isso não vi que tinha entrado no território dela e de seu povo.*
Vento Uivante: Tóquio e grande parte do Japão é território da minha Tribo e, apesar de eu ser caçado por ela, sei que não se importariam se eu entrasse no território, desde que eu me apresentasse com meu nome falso. Só não esperava me distanciar tanto do nosso território e vir parar aqui.
Ng Huan: Hohoho, entendo, então foi por isso que não tentou disfarçar seu cheiro? Um pouco imprudente pra quem é caçado, não?
Vento Uivante: Nem tanto. Já que o Rebanho não quis me ajudar, deixar que sentissem meu cheiro era a melhor forma de encontrar alguém mais cooperativo do que os humanos.
Ng Huan: É, mesmo assim, um tanto imprudente. Mas os espíritos contam sobre algumas de suas proezas, Vento Uivante-yuf. Mesmo em desgraça, você é visto como um herói entre os do seu povo, tanto que não o expulsaram de sua Tribo nem chamam de -ikthya, um traidor, e agora eu vejo porque. Seja como for, basta seguir minhas indicações, pegar o bonde e chegará ao bairro onde mora seu amigo, e não se preocupe quanto aos danos aqui, vou botar a culpa nesses dois idiotas que se mataram (mas quero que pague o balcão ainda assim). Xian, acompanhe-o até a saída.
Vento Uivante: Obrigado, Ng Huan-san...
*Recebo outra bengalada na cabeça*
Vento Uivante: POR QUE ISSO AGORA?!
Ng Huan: Por você se arriscar tanto e para não perder o costume. Sabe muito bem que dificilmente você sairia vivo deste bairro em qualquer outra situação, não é? Apenas por você só estar de passagem e graças ao seu uivo, você poderá andar tranquilamente aqui, não deixarei que ninguém te atrapalhe. Só não se esqueça do depósito heim?
*Resmungando, caminho até a porta acompanhado de Xian, a neta da velha, que me recebeu no começo.*
Xian: Realmente, sinto muito por toda a confusão, Tobias-san. E por não termos terminado nosso encontro. Mas, se você quiser...
Vento Uivante: Obrigando, Xian-chan, mas apesar de você ser muito bonita eu não me sinto atraído por kitsunes. Desde que senti seu cheiro eu já sabia que o encontro não ia dar em nada.
Xian (sorrindo maliciosamente): Quem sabe eu não possa fazê-lo mudar de ideia...?
Vento Uivante (sorrindo igual): Quem sabe... um outro dia talvez. Não corro o risco de pegar doença venérea mesmo.
*Me afasto do bar, figindo não notar a cauda de raposa de Xian balançando de alegria, contrasteando com os palavrões que ela soltava por causa da minha última frase. Sua avó se aproximou dela*
Ng Huan: Uff... graças a Gaia ele foi embora sem maiores problemas. E se Gaia permitir, não vai mesmo acontecer mais nada enquanto ele estiver aqui.
Xian: Como assim, vovó? Eu achei ele interessante, mas depois do que ele me disse, minha vontade era de arrancar as bolas dele!
*Ng acerta uma cacetada na cabeça da neta da mesma forma que havia feito comigo*
Ng Huan: Não seja estúpida! Um Garou sozinho em geral não é uma ameaça grande pra um grupo como o nosso, mas aquele é diferente... Ele segurou sua shuriken sem dificuldade e acabou com nossos homens sem precisar sair da forma humana! E sem nem sequer usar suas armas! Se ele quisesse, poderia transformar este bairro... não, esta cidade inteira num rio de sangue!
Xian: Armas? Só vi uma pistola...
Ng Huan: Aquela pistola é um Fetiche ou Talismã muito poderoso... mas eu fiquei com medo da Klaive que ele trazia escondida. Senti a presença do espírito da Klaive e me pergunto como ele conseguiu prender um ser daqueles naquela arma...
*Enquanto Xian se perguntava onde sua avó teria visto minha Klaive, ou Grande adaga, eu já sumira da vista delas. As pessoas do bairro, na maioria Kitsunes ou seus parentes, agora me olhavam, não com o olhar de ódio de antes, mas com um olhar de medo, principalmente por eu ter saído inteiro daquele bar, e caminhei calmamente, sem temer ser atacado de novo. Coisa rara na minha vida. Duas horas depois, meu bonde chega aonde eu realmente queria chegar: o bairro Hinata. Sem as orientações da velha, eu me perderia mais umas dez vezes antes de chegar lá. Ô lugarzinho difícil aquele sem-vergonha escolheu pra morar! Pra piorar, eu não sentia que ali fosse território de nenhum metamorfo, fosse lobisomem, kitsune ou qualquer outro, nem de nenhum tipo de monstro, wyrmling ou youkai. Na verdade, tinha sentindo poucos lugares na Terra que eram tão neutros assim, era como se tudo e todos se afastassem daquele lugar, por respeito ou... medo. E por outro lado, havia um certo magnetismo no ar... Mas também pudera. Se "ele" morava ali, era natural que aquele lugar fosse seguro... mas pelo que a velha falou, não era só "ele", mas muitos outros seres fantásticos também moravam lá. E ela tinha razão. Por precaução, eu estava disfarçando meu cheiro como o de um humano desta vez, pois sentira um monte de cheiros diferentes: cheiro de magia, cheiro de deserto, cheiro de templos chineses, cheiro de um... lobisomem? Naquele lugar?! Pior, eu não tinha certeza mas me parecia sentir cheiro de zumbis ou... vampiros... Estranho... espero não ter que matar ninguém ali (mesmo algum vampiro desgraçado)... senti cerca de duas dezenas de cheiros, um mais diferente do que o outro, até o de uma criatura que eu não sabia dizer se era um gato ou coelho, e claro, também senti o cheiro "dele". Sorri. Eu chegara mesmo ao lugar certo. Pedi orientações a dois moradores daquela área e, desta vez, fui gentilmente atendido (em parte por meu cheiro estar disfarçado como humano...).*
Idoso: Bom meu jovem, se quer chegar até a Pensão Hinata, siga por esta escadaria, dobre à direita e depois suba a escadaria maior que encontrar. Vai para direto lá. Mas eu não iria lá se fosse você.
Vento Uivante: Por quê?
Idoso: Naquele lugar acontece todo tipo de coisas estranhas... tem gente brigando e balançando espadas, explosões acontecem quase todo dia, festivais de luzes, e até monstros aparecem lá.
Vento Uivante (sorrindo): Pelo visto estou indo para o lugar certo...
Idoso: Como?
Vento Uivante: Nada não. Muito obrigado, senhor.
*Me curvo agradecendo à moda japonesa, ajeito minha mochila nas costas e começo a andar seguindo as orientações do homem. Logo chego na grande escadaria e, no topo dela, a famosa Pensão Hinata. Finalmente entendo tudo; de longe, eu podia ver a imensa aura que recobria a Pensão, era quase como se o prédio inteiro estivesse vivo. E do ponto de vista Garou, realmente estava: aquela pensão tinha uma energia incrível, e eu notara que o Espírito dela era muito forte; muito provavelmente ela tivesse sido construída em cima de um Caern, da onde emanava o próprio poder da Terra, e isto explicaria não só sua energia, mas também todos os seres que moravam nela. Ajeitei a mochila mais uma vez e comecei a subir a escadaria; foi quando eu vi um outro prédio menor, à frente da Pensão: Casa de Chá, dizia o letreiro. Casa de Chá? Bom, seria uma boa mesmo molhar a garganta antes de encontrar meu amigo. E se a Casa de Chá era parte da Pensão, talvez eu pudesse até conseguir mais algumas informações ali. Entrei na Casa de Chá; um ambiente bem agradável, mas no instante que entrei, eu senti uma sensação estranha. Era como se eu estivesse num lugar bem selvagem, como se a Wyld, a força do Caos, reinasse lá.*
Vento Uivante (Pensando): Humm... estranho... será que existe algum Wyldling nas proximidades...? Teria que ser um bem poderoso... ou talvez seja a energia da Pensão que está fazendo isto...?
*Afasto aqueles pensamentos e toco na campainha. Uma mocinha, uma das "maids" da Casa de Chá, vem me atender. Quando ela me vê, parece assustada, mas seu rosto ruboriza, e notando que sou estrangeiro tenta falar comigo em Inglês.*
Maid: G-good morning, sir... ca-can I... may... s-serve you...?
*Noto que ela estava nervosa, não exatamente por não estar acostumada a falar em Inglês, mas com a minha visão. Natural. Embora eu não fosse exatamente bonito (minhas cicatrizes, apesar de profundas, não chegavam a me deixar feio), como qualquer Lobisomem eu exercia um fascínio incomum nos humanos, mesmo em forma humana: era a Atração Animal através do Instinto Primitivo; a mesma sensação que uma pessoa tem ao ver um urso ou leão de perto, que pode ser tanto medo quanto fascínio, mas aumentada milhares de vezes devido à minha natureza sobrenatural, e aos feromônios que eu exalava, irresistíveis aos humanos. Se eu quisesse, podia enlouquecer de tesão (ou matar de medo) a maioria dos seres humanos ao lhes mostrar um pouco da minha Fera interior, sem nem mesmo usar um de meus Dons ou magias. Decidi então só brincar um pouco e dar uma amostra à maid do que eu era capaz.*
Vento Uivante (falando em Japonês e fitando-a diretamente nos olhos): Não precisa falar comigo em Inglês, pequena. Entendo bem seu idioma. Quanto ao meu pedido, gostaria de um pouco de chá Oolong e uma fatia desta torta de morango do cardápio, mas só porque você foi tão gentil e atenciosa em me atender em Inglês.
Maid: H-hai, kokyaku-sama...
*Ela se curva, me serve o chá que estava numa bandeja próxima e se retira se curvando para ir buscar minha torta, mas ao me olhar de novo eu aumento um pouco mais meu Instinto Primitivo e lanço um sorriso matador pra ela; o cheiro que vem de suas pernas naquele instante prova que consegui o que queria. Mas ia ficar só naquilo; meu amigo que eu havia ido visitar já havia me alertado sobre causar confusões, e não queria fazer isso na casa dele. Aproveito para olhar de novo a Casa de Chá, e percebo que ela era feita de várias salas; na sala mais interior, que provavelmente era a Área VIP (OFF: Considero que é ali onde todos estão, fora de vista do pequeno saguão de entrada que aparece na primeira imagem deste tópico, lá na primeira página) posso ouvir claramente graças a meus ouvidos de lobo pessoas conversando e uma certa confusão. Que será que estava acontecendo? De repente, começo a sentir algo estranho; palavras esquisitas começam a ressoar na minha mente*
"Um dois! Um, dois! Sua espada mavortaVai-vem, vem-vai, para tras, para diante!Cabeca fere, corta e, fera morta,Ei-lo que volta galunfante."*Olho no espelho e vejo minha imagem ficar um pouco nublada; é como se minha imagem dissolvesse e mudasse de repente, e eu visse outra pessoa no espelho, um... Cavaleiro Branco?! Cheiro de novo o chá. Não sinto nenhum cheiro estranho, então não foi nenhuma droga ou planta. Olho pela janela e vejo que do lado de fora estava tudo normal; olho então pela porta através do espelho e a cena que vejo me espanta*
Vento Uivante: Em nome de Gaia, o que...?
*Mal vi que a maid havia retornado e colocado a fatia de torta em cima da mesa, ela retorna por onde veio desta vez sem conversar (ainda estava envergonhada com o que acontecera antes...). Mesmo assim, não me atrevo a comer a torta. Tento raciocinar o que estava acontecendo; era como se tudo estivesse diferente e estivéssemos em um outro mundo, outra dimensão e... sorrio. Finalmente eu entendera o que estava havendo ali. Olhando para onde eu ouvia as vozes, noto que há outras pessoas lá, talvez humanos, talvez alguns não-humanos além das maids. Se o que eu imaginava realmente estava acontecendo, os humanos poderiam estar em perigo. Aquilo me lembrava muito todas as vezes que eu "Percorria Atalhos" para a Umbra, mas nunca tinha feito isto dessa forma. Respiro fundo, decido que o encontro com meu amigo pode esperar, atravesso a porta e vou na direção das vozes. Estou agora numa imensa floresta, vestido como Cavaleiro Branco. Sorrio de novo. Pelo visto, eu estava certo. Só faltava agora eu encontrar uma "Alice" no caminho...*
Continuem...