Enquanto isso embaixo das cerejeiras...

Moe ficou surpresa com aquela revelação inesperada, aquele sangue, aqueles olhos, ela se sentiu aflita embora estivesse se acalmando. Parecia confusa quando ouviu suas últimas palavras e riu envergonhada um pouco mais.

- Não... O senhor deve ter entendido errado, não sei o que Morganna te falou, mas, eu já tenho alguém que eu gosto... Mas... - Fica muito triste, sente como seu coração estivesse despedaçado mais uma vez. - Isso não importa mais... Seria um fardo para o Akamaru se continuasse a gostar dele... Iria só prejudicá-lo como fiz agora com você...


As lágrimas pareciam brotar mais uma vez nos cantos de seus olhos, mas, ela desviava o olhar disfarçando.

- Me perdoe... - Limpando o rosto. - Gostaria de mais um chá? - Sorri sem graça. - Ou gostaria de saber mais alguma coisa?

*pensando: Sou uma besta mesmo... Ele vai é me odiar isso sim...*

Enquanto Hijikata se afastava a alguns passos daquela garota, aquelas pequenas palavras lhe vieram como um corte em seu coração. Em sua vida, ele deixou de amar uma pessoa com medo que ela sofresse, pois, como um samurai, ele podia estar vivo em um dia e morto em outro. Em suas lembranças, ele ainda lembrava do sangue de sua amada em suas mãos que foi morta por uns dos inimigos, e a partir desse dia, Hijikata deixou de amar para não sofrer mais.

O vento que se passava entre os dois, ficava cada vez mais forte, fazendo os longo cabelo de Hijikata ocultar a sua face, enquanto ele guardava sua espada em sua bainha.

- Eu até entendo, mas amar nunca é um fardo. Se essa pessoa te ama, ele não vai se importar com seus defeitos... - Enquanto Hijikata falava, algumas pétalas da cerejeira caiam sobre eles . - Quando se ama, você tem que correr atrás, pois se você não o fizer, você vai perde-lo...

Arrumando seu traje e limpando o sangue restante em seu pescoço, Hijikata olhava mais uma vez para a cerejeira, com os olhos semi abertos, parecendo estar um pouco triste.

Ele olhava aquela flor de cerejeira voar sobre o local, sendo levada pelo vento para algum lugar, imaginando sua amada como se fosse aquela flor.

- Sim... não devemos prender a pessoa que amamos, por isso que eu a perdi. - Ele fechava os olhos lentamente, enquanto, em sua mente, a imagem daquela pessoa se formava. - Mas, devemos buscar aquilo que nos queremos, como nossos sonhos... só conseguiremos se tentarmos. - Lentamente, ele voltava a abrir os olhos - Eu realmente, não ligaria para essa Morganna... Amamos a pessoa pelo seus defeitos e pelas suas qualidades.

Arrumando seu longo cabelo, Hijikata se encostou na cerejeira, unindo a cor de seus olhos ao meio das pétalas que caiam em sua frente com um pequeno sorriso frágil em sua face.

Ela o observa novamente, de repente sendo tomada pelo rubor, as palavras dele soaram como um pequeno alívio para si mesma. Ela abaixa a cabeça deixando as lágrimas caírem com sua pequena e tímida risada. Ela limpa as lágrimas com as mãos, e respira fundo.

- Eu a criei, ela faz parte de mim e do meu corpo, não consigo aceitar o fato dela machucar as pessoas que eu amo... - Ela pensa naquilo e fica toda atrapalhada. - N-não m-me en-entenda mal por favor...



- É que enfim, essa sede, esse corpo não é normal, mas, o engraçado é que nada aqui é normal... - Ela ri chegando a essa conclusão. - De qualquer maneira, tudo que eu não quero é ferir alguém... Jamais.... - Ela fica séria, e tão logo pensativa, ela se assusta um pouco por se lembrar, meio lenta como sempre. - Hijikata sama, porque seu cabelo mudou de cor assim que o mordi? - Ela vai se levantando desajeitada e se aproxima dele tocando nas mechas sem perceber que estava perto demais, seus lábios se comprimiam, assim como ela franzia o cenho com a mente recheada de curiosidade.

Seus olhos piscavam um pouco mais rápido, parecia um pequeno filhote de cachorro sem entender nada, virando a cabeça de um lado a outro.

A olhando de perto, Hijikata desvia o olhar para o lado um pouco envergonhado enquanto tentava explicar.

- Isso foi uma poção que eu tomei a alguns anos atrás... uma poção que lhe da mais força e agilidade, mas que tem um certo efeito colateral. - Ele dizia enquanto voltava a olhar naqueles olhos de esmeraldas. - Era necessário para que eu tomasse a essa poção para derrotar um certo Oni...Mas, deixando isso de lado...



Sem ele se dar conta sua face já estava muito perto do dela, seus olhos semi serrados se aproximavam cada vez mais.

- Não me importo com a outra personalidade. - Dizia ele levando sua mão direita na lateral da face dela.

Olhando diretamente nos olhos dela, Hijikata levava novamente a mão na lateral da face dela, ainda com seus olhos semi-serrados.

- É raro eu me sentir desse jeito, se for para se alimentar, você pode usar o meu sangue. - Ele dava um pequeno sorriso. - De uma forma ou outra, não há motivos para se sentir assim... eu realmente não me importo com sua outra personalidade... - Ao dizer aquilo, Hijikata leva sua mão esquerda até a cintura de Moe e a puxa contra si, dando-lhe um abraço - Não irei fugir do amor... não mais.



Hijikata fechava seus olhos por um momento naquele abraço, mais uma vez, seu coração estava amando e ele não queria mais fugir daquilo, não queria mais deixar a pessoa que seu coração necessitava, correr de seus braços. Em meio das pétalas que caiam entre eles, Hijikata estendia sua mão para uma flor que caia em sua frente, deixando-a pousar lentamente na palma de sua mão, e então, colocou a flor do lado da orelha de Moe.

- O sentimento, é como uma flor de cerejeira... ela demora para desabrochar, mas quando surgem as suas primeiras pétalas, se tornam a flor mais bonita do jardim... - Dizia ele enquanto olhava a tal flor presa na lateral da orelha dela.

Ela ficou perdida nos pensamento por um tempo, sem entender, viu-se com uma flor no cabelo. Sentiu-se envolvida pelos braços dele; passou a tremer, seu coração a agir daquela forma incoerente, ela não queria admitir de forma alguma que se sentia atraída por ele, seria hostilidade demais de sua parte e errado.

Sentir essa atração, era errado?

Ela o abraçou carinhosamente, era como se estivesse no lugar de outra pessoa que ele havia amado há muito tempo, por um lado isso era muito triste, e ela não poderia se deixar enganar por isso.

- Hijikata sama, pode ser que ambos estejamos nos enganando, enganando nossos corações para chegar a esse nível... O que eu quero dizer... Como pode deixar de amar aquela pessoa colocando outra que mal conhece no seu lugar? Isso é tão triste... - Fecha os olhos, depois de retribuir o abraço nele, ela vai se afastando. - ... Como pode me amar assim? Acabamos de nos conhecer, será que não está colocando a sua esposa no meu lugar? Se realmente for assim, eu prefiro que isso, essa aproximação... - Aperta os olhos e fica de costas para ele trêmula e muito envergonhada. - Nunca mais volte a acontecer...

Ela se vira para ele de novo, se curva e vira o rosto.

- Está ficando tarde... Vou para meu quarto... e... - Ela parecia quase sem ar naquele momento, com dificuldade para se afastar dele.

Enquanto ela se afastava, Hijikata levava sua mão esquerda até o braço dela, segurando-a para não sair daquele local.

- Não... não estou te colocando no lugar dela. - Ele dizia enquanto a soltava aos poucos - Primeiro que ela nunca foi minha esposa, eu apenas a conheci e me tornei amigo dela. - Soltando-a, ele levou uma das mão em sua face, ocultando-o - Eu a perdi sem ela ao menos saber que eu a amava...Apenas achei que eu não a merecia, pois meu trabalho e proteger Kyoto, eu tirei vidas de pessoas.

Terminando de falar, lágrimas corriam pelo seu rosto junto com a sua voz de dor de perde-la e ao barulho do vento batendo sobre as folhas e sobre as flores da cerejeira. Seu coração estava palpitando novamente e ele queria dar uma chance a ele mesmo, queria poder sorrir ao lado de outra pessoa que ele mereça.

- Agente acabou de se conhecer, mas meu coração voltou a bate novamente...com você. - Ao dizer aquilo, Hijikata revelava sua face e seus olhos cheios de lágrimas semi-serrados. - Todos tem o direito de amar, toda flor tem sua beleza, não importa a sua cor ou sua espécie, não importa se ela tem espinhos ou não! - Hijikata dizia em um tom alto, quase em um grito. - Precisamos de um alguém que nos compreenda e que aceite da forma que nós somos...

Ao terminar de falar, Hijikata se vira para o outro lado, dando as costas para ela, e então sacando sua espada, o fincou no chão e ali ficou, olhando para o céu, sentindo o vento bater em seu rosto, fazendo o vento carregar suas lágrimas para qualquer outro lugar.